Olho para o papel em branco e me pergunto:
“O que escrever?”
Estou inundada de sentimentos e sensações, mas não consigo
formulá-los. Mas a vontade de sentir a caneta riscar o papel e me ver tomando
forma através das palavras me impelem a escrever.
A sensação que tenho é de que estou numa grande aventura.
Num lugar de terra batida, sol quente ardendo em minha pele, e eu escavando em
busca de um artefato precioso.
Às vezes sou eu comigo mesma explorando essa terra vermelha.
Às vezes me vejo cercada de ajudantes, que estão tão empolgados quanto eu.
Às vezes estou tão compelida a encontrar o artefato que cavo
sem parar usando a maior pá que consigo carregar. Mas a frustração por não
achar nada e o medo de danificar o encoberto com minha avidez me fazem trocar a
pá por um pequeno pincel. Varro o chão seco cuidadosamente.
Acho que vi alguma coisa! Sim! Um objeto brilhante!
Com cuidado, escavo ao redor do brilho para retirá-lo da terra
vermelha.
É um espelho.
Viro-o para me olhar. Por um segundo, vejo o reflexo de uma
Ana cansada, coberta de poeira da terra. Mas o reflexo se transforma em uma
pessoa que nunca havia visto. Ou talvez já tenha, mas não me lembro.
E o reflexo continua se transformando em uma série de
pessoas (des)conhecidas.
Um misto de familiaridade com o inexplorado.
Quem são essas pessoas?
Sinto que sou elas. Mas elas... não são eu.
Volto a escavar com minha caneta e meu papel, na esperança
de achar a palavra mais preciosa: eu.
~ meueuempapel, 16 de julho de 2019
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