quarta-feira, junho 26, 2019

A Cama


As noites de solidão me afligem.
Beira o insuportável. Só consigo tolerar porque sei que nosso amor é tão gostoso.

Da última vez que você voltou, até fiquei surpresa. Minhas lembranças não faziam jus a você. Você sem dúvida é melhor do que qualquer sonho meu.
Quando eu, na minha neurose, sou inundada de insatisfações, você me surpreende das formas mais simples. Não é só o chocolate. Não é só uma “caça ao tesouro” muito bem arquitetada. Não é só uma espátula para me incentivar a cozinhar. É você no seu abraço, é você no beijinho delicado que você manda no final de um áudio. “Eu te amo” é pouco.

Eu, na minha neurose, esqueci como falar de amor.

Meu amor por você está na frustração de não poder ter tido a oportunidade de dormir com você na minha cama nova, no meu quarto pintado com a sua ajuda.
Está naquela cafeteria que olho e penso em como queria que você estivesse ali para tomarmos um café.
Está na minha auto-proibição em assistir o final da temporada de RuPaul, pois sem você não tem a mesma graça.
Está na raiva que sinto todos os dias por você não estar comigo.
Mas meu amor é paciente. Talvez como uma criança que pergunta mil vezes “Já está chegando?” numa viagem de carro. O cansaço toma conta, mas as expectativas por dias melhores superam (quase) tudo isso.

A cama já está bem amaciada. Vem logo?


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Nota para terapia (haha): Estava lendo meus textos antigos e reconheci um padrão. Uma puta raiva e vontade de me isolar.
Mas, ao mesmo tempo, frustração quando não me procuram.
Que padrão é esse?

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(Edit)

Talvez eu sinta tanta raiva porque as pessoas não são A pessoa.

Talvez a raiva seja minha forma de lidar com a tristeza.
Estar com raiva faz com que não doa tanto. Especialmente caso haja uma rejeição.
Pelo menos estou mais aberta. E menos "fuck you all".

O que me impressiona é que eu 'tava tão focada em certas pessoas que não vi o resto.
Espero não fazer de novo.

terça-feira, junho 25, 2019

Bagunça

Estou uma bagunça.
Antes eu já era, mas não sabia.
Tudo tão bem organizado em caixinhas etiquetadas.
Resolvi abrir uma. Percebi que a etiqueta não fazia sentido nenhum com o que tinha dentro.
E, por algum motivo, esqueci a relação por trás de cada peça da caixinha.
Resolvi abrir mais caixinhas em busca de encontrar a suposta lógica perdida.
Não tinha lógica.
Respirei fundo. Absorta.
O que fazer?
Repensar a minha lógica? Tentar achar outra?
Talvez recriar essa lógica ilógica?
Enquanto isso, remexo as peças, recombino umas com as outras, penso em me desfazer de umas e tentar conseguir outras.
Enquanto isso, admiro a beleza da bagunça ao mesmo tempo que me angustio e sonho com tudo em seu lugar.
Talvez seja meio chato, no fim das contas.
Tudo tão organizado em caixinhas tão bem guardadas. Escondendo a singularidade de cada pecinha.
Talvez fazer um mural?
Não, elas são minhas.
Tá bom, pode olhar um pouquinho.


quinta-feira, junho 20, 2019

Voltei?

Estou considerando voltar a escrever.
Eu escrevia tanto... Por que deixei de escrever?
Dizia eu para mim mesma que era a rotina pesada. Falta de inspiração.
Mas acho que, na verdade, eu não estava mais me permitindo fazer uma viagem a mim mesma.
Não escrever é não sentir.
Não escrever é não pensar.
Estava fugindo dessa conversa com o papel por não saber lidar com tudo que acontece em mim.
Uma tentativa de viver anestesiada.
Escrever, pra mim, é tocar na dor. É me deparar com aquilo que mais tento fugir. É tentar encontrar a minha verdade. É me expor para mim mesma.

Mas também esqueci dos prazeres da escrita.
Posso refletir, balancear, elaborar... E me conectar com tudo aquilo que é difícil formular em palavras. Mesmo que no fim das contas eu não consiga encontrá-las, ao menos eu tentei.
Também é uma forma de convidar o outro a me conhecer. Eu adorava a troca que isso gerava.

Ah, e escrever não precisa ser apenas tocar na dor. Ao abrir mão desse conflito, também abdiquei das delícias de amor e do dia-a-dia .

É, acho que estou pronta para retomar essa viagem.

2018

(um pouco atrasado pq esqueci de postar)

Apesar de ter parado de acreditar que o fim de um ano possa ser tão determinante nas etapas da minha vida, ele é uma boa forma de reavaliá-la. E é por isso que, mais uma vez, faço uma reflexão sobre o ano que passou.

Posso dizer que 2018 foi um ano um tanto decepcionante. Foi triste ver o desrespeito entre as pessoas ficar tão à flor da pele. Foi revoltante ver que as pessoas preferem acreditar no “zap zap” do que pensar um pouco, criticar o conteúdo, confirmar a veracidade das informações. Pessoas ignorantes ou não. Quem acredita 100% em qualquer coisa, é, no mínimo, inocente demais. E quem faz piada com tudo... Bem, tá na hora de refletir se o futuro do Brasil deve ser baseado em memes. Política não é futebol pra ficar zoando com a cara dos outros. Não somos adversários. Ou, pelo menos, não deveríamos ser.
Mas, por outro lado, 2018 também foi de crescimento. Na verdade, foi o ano em que ficou claro que tudo tem seu tempo. Naturalmente, está acontecendo a transição da minha curta carreira de professora de inglês para a de psicóloga. Não é fácil ter paciência, mas, felizmente, tenho pais que me apoiam e me ajudam muito. São eles que renovam minha fé de que lá na frente vou poder olhar e perceber que já construí tudo o que queria. E, ironicamente, decidi fazer pós na área que mais me deu trabalho na faculdade. Acho que gosto de desafios. Hahaha
Ainda sobre paciência, ai, como ela é importante! Não foi fácil ficar longe das pessoas que amo nesse momento de instabilidade, mas acredito que foi importante. Primeiro porque pude reinvestir em mim. Pude me cuidar, me reencontrar e me curar depois do baque do fim da faculdade um pouco desastroso, planejar os próximos passos... Segundo porque me aproximei de pessoas novas, me reaproximei de algumas e decidi parar de insistir em outras. Não é sobre desfazer relações, é mais sobre entender que certas coisas são temporárias (ou cíclicas). É sobre tirar o melhor de todos pelo tempo que for. E tá tudo bem, faz parte da vida. O diálogo, em todos os casos, é sempre a melhor opção. Pena que nem sempre acontece. haha
Bem, isso foi o resumo do resumo. Espero que 2019 seja melhor. Desejo muito amor e muita sabedoria para todos nós!!