Gosto da palavra “paciente” para
quem me procura.
Ser paciente implica em ter
paciência. E ter paciência consigo mesmo e com o processo de análise não é algo
de grande importância?
Há quem diga que remete a estar
doente. E não se está? Somos doentes de nossas neuroses, somos doentes de amor,
somos doentes de compulsões, de vida, de morte.
Estar vivo não implica em ser
doente?
O problema é que fugimos da
doença. Fugimos tanto que às vezes... adoecemos (oi, restrição alimentar; oi,
hipocondria, oi, medo de falhar tão grande que não se sai do lugar; oi,...).
Enxergar nossa doença implica uma
possibilidade singular: a de escolher o que fazer com ela. É admitir que existe
algo tão imperfeito em nós.
Isso não é ser humano?
Quanto ao cliente, bem... Desse
termo eu não gosto. Acho que me sinto como um serviço. Que tem início, meio e
fim. E tem?
Também não gosto muito de
analisando. Como se a pessoa estivesse num experimento. A amostra está sendo
analisada. Que coisa, não?
Chamem como quiserem, eu gosto é
mesmo de ouvir. Ao invés de analista, deveriam me chamar de curiosa.
Rio de Janeiro, 28 de agosto de 2019
(no consultório)
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